Revista EBS

Tendências para o RH no mundo pós Covid-19

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Foto: Gerd Altmann / Pixabay

Publicado em 12/05/2020

A pandemia do novo coronavírus evidenciou duas necessidades urgentes: sermos mais digitais e mais humanos. Esta pandemia marca o fim do século 20 e o início da aceleração no uso de tecnologias existentes voltadas para o segmento de rh.

Com o decreto de quarentena obrigatória nas principais cidades do país, empresas e colaboradores tiveram de se adaptar com a realidade do trabalho em casa (home office). Se antes o trabalho remoto parecia uma realidade distante, com a pandemia, a adoção obrigatória desse modelo de trabalho fez com que empresas viabilizassem essa nova forma de trabalho e fizessem os ajustes a medida em que os desafios fossem aparecendo.

Junto com o trabalho em casa veio a necessidade dos gestores de RHs encontrarem na tecnologia a solução para suprir a falta de contato presencial e os desafios de gerir uma equipe à distância. Tal necessidade só acelerou o processo de uso e adaptação à tecnologias já existentes e o surgimento de outras criadas com objetivo de atender essa área estratégica nas empresas, e em tempos difíceis como os que estamos vivendo, de fundamental importância para a sobrevivência dos negócios.

Foto: Gerd Altmann / Pixabay

Uso de IA no trabalho do RH

A inteligência artificial ajuda o RH da empresa a agilizar o recrutamento e a identificar candidatos mais preparados. A tecnologia já permite o uso de robôs para admissão de profissionais, tornando mais rápido e eficiente o processo de recrutamento, seleção e contratação de colaboradores.

Por meio de inteligência artificial e recursos de machine learning, é possível agilizar a duração dos processos de admissão e reduzir os custos de contratação, além de auxiliar na identificação de profissionais com um perfil sob medida para o cargo e a função que será exercida.

Warney Araújo – Foto: Divulgação

A ferramenta utilizada pela empresa AeC usa um algorítimo desenvolvido a partir do acompanhamento de desempenho dos colaboradores. “Utilizamos uma plataforma de gestão, capaz de medir o desempenho dos funcionários. Para o RHight, utilizamos como padrão os colaboradores que tiveram um desempenho acima de 20% das suas metas.  Temos melhorado nossa assertividade na seleção de colaboradores de alta performance na medida em que retreinamos o algorítimo com as novas contratações”, comenta Warney Araújo, Diretor de Pessoas da AeC.

Durante a pandemia, a empresa chegou a fazer recrutamento online com o uso da ferramenta. “É um recurso que já utilizamos há quase dois anos, poupando assim os candidatos de deslocamentos e oferecendo a eles a comodidade de realizar o processo na própria casa. Não tenho a menor dúvida de que, após a pandemia, os recursos humanos das empresas vão investir mais em ferramentas para recrutamento e seleção a distância e com o uso de inteligência artificial. O maior legado dessas mudanças é a quebra de vários paradigmas e preconceitos que existiam com as novas tecnologias antes da pandemia. Iremos sim acelerar a nossa curva de aprendizagem com todas as tecnologias disponíveis”, afirma.

Plataformas para quem busca trabalho remoto

Vivemos em um momento em que as empresas se viram obrigadas a implementar o trabalho remoto, mesmo sem ter experiência prévia com a modalidade. Agora, o mercado está entendendo a necessidade de compreender o trabalho como o que se faz, se desvinculando do local físico como necessário para a execução das tarefas. O aumento do número de profissionais que optam por essa modalidade de trabalho também deve crescer nos próximos anos.

Daniel Schwebel
Foto: Divulgação

“Plataformas de recrutamento, sejam de profissionais fixos, sejam de freelancers, como a Workana, devem crescer ainda mais e possibilitar que as empresas fortaleçam seus times sem barreiras físicas, colaborando com a redução da escassez de profissionais em algumas áreas, em especial, de tecnologia”, destaca Daniel Schwebel, Country Manager da Workana no Brasil.

Treinamentos on-line

A fintech Creditas com 1600 colaboradores, migrou toda sua operação para trabalho remoto e teve que encontrar uma forma rápida e prática para fazer essa transição com soluções em tecnologia e ações para manter as conexões e a produtividade em alta.

Com 100% dos colaboradores trabalhando em casa, a universidade interna, que já realizava treinamentos presenciais com os colaboradores, desenvolveu o programa “Quarentraining”. Com ele, são realizados treinamentos online sobre diversos temas durante a semana – tanto sobre os negócios e mercado de crédito quanto dicas para manter a saúde mental e a produtividade no trabalho remoto – para que mesmo distantes, os colaboradores possam se desenvolver em conjunto, além de melhorar o engajamento, criatividade e motivação.

Ana Carolina Deberaldini – Foto: Divulgação

“Identificamos as necessidades de desenvolvimento para contextualizar e deixar toda equipe por dentro do processo, da cultura e dos valores da Creditas. Já tínhamos iniciativas traçadas e diagnósticos de competências que precisavam ser desenvolvidas, mas todas elas planejadas especificamente para cada área e no formato presencial. Com a quarentena, vimos a oportunidade de colocar todo mundo na mesma página e contribuir também para o bem-estar e saúde mental por meio de um formato ainda mais inclusivo e escalável”, conta Ana Carolina Deberaldini, Head da Creditas Academy.

Controle da jornada de trabalho a distância

O reflexo no aumento da prática de home office no país deve permanecer pós-quarentena, por isso, será necessário a adoção no uso de um sistema que registre jornada de trabalho à distância.

A empresa Ponto Móvel registrou um crescimento de 20% no número de usuários do sistema PMovel.com, que controla e registra a jornada de trabalho à distância. A expectativa da empresa é crescer 100% o número de usuários do serviço até o final do ano.

Rogério Rodrigues
Foto: Divulgação

“O sistema foi criado para facilitar a gestão das equipes externas e colaboradores internos, com foco na redução de custos, facilidades e modernização no controle da jornada de trabalho, já que disponibiliza relatórios de horas trabalhadas evitando, por exemplo, o pagamento de horas extras desnecessárias e banco de horas e mais. Para os funcionários, as vantagens são a precisão dos cálculos de horas trabalhadas e auxílio no autocontrole das atividades. Além disso, os relatórios são comprobatórios do tempo trabalhado e, portanto, do salário a ser pago na prestação de serviço”, afirma Rogério Rodrigues, Project Manager da empresa.

Sistemas de monitoramento de clima

Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, acredita que os profissionais de RH, terão muitas preocupações com a saúde dos profissionais, e isso resultará em mudanças na seleção das pessoas para ver se elas têm experiência e perfil para trabalhar remotamente, para que não se sintam solitárias e mantenham a produtividade.

Arthur Igreja – Foto: Divulgação

“Teremos um crescimento muito grande nas entrevistas que são feitas remotas. Isso era algo que já estava começando e agora será a única maneira de ser feita e vai acelerar imensamente. Além disso, no RH, também tínhamos de forma insipiente, mas crescendo rápido, diversas ferramentas para monitorar clima. Nesse momento de tanto isolamento e distanciamento isso vai ser importante para medir também se a motivação das pessoas não está caindo ou se estão entrando em depressão, por exemplo”, analisa.

Plataformas de ensino a distância

As tecnologias voltadas para ensino online conquistaram seu espaço entre os profissionais e podem ser um importante aliado do RH na capacitação da equipe de maneira prática e efetiva. Elas ganharam mercado durante a pandemia e a tendência é que isso cresça, pois muitos gestores de RH estão utilizando-as de forma emergencial e vendo que funciona.

Richard Vasconcelos – Foto: Divulgação

“O receio em relação ao ensino a distância que existia no passado, pois o RH sempre acreditou na importância do encontro pessoal e no contato olho a olho, agora está sendo quebrado e o RH terá de assumir esse protagonismo para a capacitação de colaboradores. A tendência será digitalizar o ensino presencial a partir da criação de trilhas de aprendizagem online. No entanto, tecnologias mais rebuscadas para este ensino, como o uso de inteligência artificial, realidade aumentada e realidade virtual, ficará para segundo plano, pois o momento será de voltar ao básico. As novas tecnologias nessa área surgirão quando o processo ganhar outro nível de maturidade”, defende Richard Vasconcelos, CEO da LEO Learning Brasil.

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