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Diversidade: como a inclusão LGBTQIA+ vai revolucionar o mundo corporativo

Ações que abracem as diferenças, também é preciso rever o quadro de gestores e considerar cargos de destaque para pessoas que representem a comunidade e tenham posicionamento ativo

Publicado em 16/06/2023

*por Renato Politte

A diversidade LGBTQIA+ no universo corporativo vai além de inclusão, é um fator de igualdade social e inspiração para mudar a vida de pessoas, bem como para impulsionar os negócios.

Por um lado, temos empresas que já sinalizam diversas iniciativas nesse sentido; por outro, ainda existem desafios e barreiras a serem quebradas para a participação realmente ativa desse grupo no mercado de trabalho, especialmente quando se fala em liderança. 

Além de ações que abracem as diferenças, também é preciso rever o quadro de gestores e considerar cargos de destaque para pessoas que representem a comunidade e tenham posicionamento ativo.  

Se pensarmos nas empresas 20 anos atrás, a inclusão do grupo no mercado de trabalho soaria como uma pauta polêmica e irrelevante. Até porque eram poucas as pessoas que se sentiam à vontade para falar abertamente da sua orientação sexual e, muitas delas, preferiam esconder esse lado pessoal e só focar no desenvolvimento profissional. 

Hoje, as companhias com pessoas LGBTQIA+ em cargos de alto escalão têm performance 61% maior em comparação a empresas sem profissionais de diferentes orientações sexuais, principalmente em áreas como responsabilidade social corporativa, práticas de RH e qualidade da força de trabalho, segundo dados do Wisconsin LGBT Chamber of Commerce, estudo conduzido pela universidade Marquette.

O levantamento revelou ainda que as pessoas desses grupos têm nível maior de empatia, são mais procuradas pela equipe e bem-sucedidas entre os colaboradores. 

Outra pesquisa, da Oldiversity, mostrou que 77% dos entrevistados aceitam a diversidade, 70% acreditam que as empresas e marcas devem integrar o tema e 54% acham que as propagandas ajudam a criar uma sociedade mais tolerante e justa.  

No entanto, o estudo aponta que o público LGBTQIA+ deseja maior participação no mercado de trabalho. Segundo os dados, 75% das pessoas acreditam que as empresas têm preconceito em contratar um profissional dessa comunidade. Já em uma pesquisa feita pela consultoria de engajamento Santo Caos, 61% dos profissionais LGBTQIA+ brasileiros entrevistados disseram que escondem sua orientação sexual em seus empregos.  

Encabeçada pelo Center for Talent Innovation, outra pesquisa constatou que 33% das empresas existentes no Brasil não contratariam pessoas LGBTQIA+ para cargos de chefia e 41% dos funcionários gays já sofreram algum tipo de discriminação no ambiente de trabalho. Outro dado que assombra a comunidade diz respeito à realidade das pessoas transsexuais. Um estudo realizado pela Antra (Associção Nacional de Travestis e Transexuais) revelou que 90% da população trans no Brasil tem a prostituição como fonte de renda principal.  

Esse cenário de desigualdade persistente também não favorece os negócios. A diversidade, nos tempos atuais, é sinônimo de inovação, melhores resultados, empatia, segurança psicológica, inclusão, igualdade e produtividade. Um dos fatores-chave para administrar uma empresa de sucesso é atrair e reter talentos diversos.

Empresas como o Google e a Meta já comprovaram o poder de um time plural. A chance de um produto nascer global em uma mesa com pessoas diferentes é muito maior do que em um grupo composto por um único background. Além de conseguir uma visão mais ampla e atender a diversos mercados, essa dinâmica minimiza possíveis pontos cegos em relação ao comportamento, ao consumo, às vendas, entre outros.  

Mais do que fortalecer a imagem da companhia e agregar mais confiança ao público, isso também gera mais visibilidade para a cultura das minorias, garantindo uma filosofia alinhada ao desenvolvimento igualitário e às demandas da sociedade por maior justiça social. 

Essa inclusão passa por diversas discussões, quebras de paradigmas, trocas de informações e outras ações voltadas às mudanças de perspectivas dos colaboradores. Iniciativas de educação e parcerias com entidades que trabalham o tema são alternativas para difundir essas políticas internamente, bem como para a sociedade, além de mensurar os resultados obtidos para certificar-se de que todos estão sendo impactados. 

O fato é que ter a cultura de diversidade e inclusão dentro das empresas promove a representatividade, aumentando ainda mais a motivação dos colaboradores e a retenção de talentos. Além disso, serve como inspiração para pessoas e corporações de todo o mundo. 

*Renato Politte é Head de Viabilidade de Projetos e Concorrências da um.a Diversidade Criativa – (https://www.linkedin.com/in/renatopolitte/).
Profissional LGBTQIA+ com formação em comunicação social e marketing. Possui mais de 10 anos de experiência no mercado de live marketing – uma@nbpress.com.br    

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