Desde que o mundo é mundo, a comunicação sempre foi um dos fatores decisivos para a evolução de todas as espécies. Um grupo alinhado com objetivos em comum bem definidos tem muito mais chances de sobreviver. Tanto no reino animal quanto no selvagem mundo dos negócios, a máxima não é diferente. A fluidez e coesão da mensagem são fundamentais.
Antes muito desvalorizado, o setor de comunicação interna das corporações está ganhando cada vez mais espaço na lista de prioridades e investimentos. Demorou, mas os gestores perceberam que uma equipe com um canal de voz bem definido se relaciona melhor, gera resultados mais satisfatórios e ainda transparece uma imagem mais positiva aos olhos do público.
Esse conjunto de ações e troca de informações facilitam a transmissão de mensagens estratégicas dentro da organização e garantem que os colaboradores estejam alinhados com a missão, ação e valores da empresa em geral.
A importância da mensagem
“A comunicação interna, metaforicamente, é o lubrificante da engrenagem. Ela faz com que cada componente de uma organização esteja ciente da importância de suas funções e como devem ajudar o todo a alcançar seus objetivos. E assim como o lubrificante, a atuação da comunicação deve ser contínua”, afirma oCo-presidente e CSO (Chief Strategy Officer) da agência MeZA, André Machiaverni.
Investir no setor é de extrema relevância para qualquer companhia, independente do mercado no qual ela atua. Elaborar estratégias bem definidas, transparência com o colaborador sobre a realidade da empresa, difusão de valores e missões, alinhamento de objetivos e promover iniciativas são apenas alguns dos benefícios que bons comunicadores internos podem gerar.
“A comunicação é fator essencial para assegurar um ambiente mais “saudável”, favorecendo o engajamento e o clima mais positivo, dessa forma, quando a empresa possui uma “comunicação interna efetiva, ou seja, eficiente e eficaz, ela mitiga muito o risco de conversas paralelas e contaminadas que impactam no clima e na produtividade”, explica Wilma Dal Col, diretora do ManpowerGroup, empresa especializada em RH.
Entretanto, muitas companhias ainda não dão o valor necessário para uma construção assertiva da área, deixando de realizar iniciativas essenciais para o crescimento da corporação. Grande parte dos problemas de desempenho podem ser resolvidos com uma comunicação interna eficaz.
Ter pessoas conhecedoras dos valores pelos quais o negócio preza e estão cientes de todas as estratégias e ações garantem que não haverá incoerências e mal-entendidos quanto ao rumo que a empresa está tomando.
“O time interno alinhado é fundamental. Toda empresa funciona melhor quando todos estão olhando para a mesma direção, quando os valores e a cultura estão bem disseminados entre os colaboradores”, pontua Luiz Buono, fundador e CEO da agência Fábrica. “A melhor maneira de uma estrutura funcionar a contento é com todos “remando” na mesma direção.”
Boa comunicação e bons resultados
Todos os resultados são frutos de um esforço coletivo de diferentes setores que trabalham em prol de uma causa. Esses números positivos só são possíveis quando os envolvidos estão informados a respeito dos assuntos que orientam o objetivo em comum.
“Imagine um time de futebol em campo que não se comunica e tem jogadores que não sabem se devem jogar como zagueiros ou atacantes. Acho que podemos concordar que a probabilidade deste time ganhar algum jogo é muito reduzida, certo? O mesmo acontece com uma empresa que não se comunica bem com seu time. A comunicação interna ajuda a organizar processos e tornar mais claras as metas organizacionais, assim como norteia as possibilidades de desenvolvimento de carreiras”, afirma Machiaverni.
Além da importância do alinhamento de objetivos, a transparência com o colaborador é essencial para fazê-lo se sentir valorizado pela gestão. Quando motivados e engajados, os profissionais “vestem a camisa” da companhia, aumentam sua produtividade e se tornam ótimos porta-vozes do negócio para o mercado.
“A Comunicação Interna determina o grau de compartilhamento e a difusão das informações, com os diferentes componentes da instituição. É ela que permite a sintonia das ações dos colaboradores, a direção para onde caminham. Quando bem trabalhada, a informação determina a agilidade dos processos, a flexibilidade das operações e o controle dos resultados”, diz Leny Kyrillos, fonoaudióloga, professora e autora do livro “Comunicar para liderar”.
Com equipes alinhadas e motivadas, a corporação ganha maior grau de competitividade frente à concorrência e, consequentemente, mais chances de atingir metas.
Comunicação Interna X Comunicação Externa
“A comunicação interna é a voz da empresa. Comunicamos mudanças, acontecimentos e estimulamos o sentimento de pertencimento de cada colaborador, influenciamos direta e indiretamente cada indivíduo” diz Érica Carneiro, coordenadora de comunicação interna da Gocil Segurança e Multisserviços. “Desta forma, afetamos o nosso negócio, afinal o resumo de tudo são pessoas. Em nosso seguimento nosso “produto” são pessoas, sendo mais real o fato de afetarmos a todos os públicos com quem nos comunicamos”.
As empresas lidam com consumidores exigentes e informados. Todo e qualquer posicionamento pode ser um catalisador de bons negócios ou um verdadeiro tiro no pé. A missão e política da corporação deve ser um dos focos de maior destaque para a equipe de comunicação, já que tais pontos são fundamentais na decisão de compra.
“A comunicação interna tem a responsabilidade de construir um engajamento sólido e de confiança entre os colaboradores para que os mesmos saibam como praticar aquilo que uma marca está dizendo a seus consumidores e para o mundo”, explica o CSO da MeZA.
A cultura da empresa deve ser coerente à soma de hábitos da mesma. Não adianta pregar valores que não aplicados no dia a dia apenas para fidelizar clientes. “Num mundo onde as empresas estão na vitrine, não existe mais diferença entre o público interno e externo. Uma mensagem para o público externo tem que ter coerência com as ações internas, está tudo interligado. Não é mais possível, na era transparente em que vivemos, uma empresa emitir uma mensagem externa e não ter sua verdade comprovada internamente”, afirma Buono.
Canais de comunicação
Atuando como facilitadoras, as novas tecnologias promovem diálogos entre os departamentos, integrando diferentes áreas. Mesmo tornando a comunicação mais ágil a acessível, os recursos hi tech devem ser utilizados com Inteligência para não surtirem efeito contrário.
“Em vários momentos a tecnologia ajuda de forma significativa com a agilidade e alcance, porém, algumas vezes isso também pode jogar contra. Afinal, com toda essa rapidez na informação fica muito mais difícil controlar o que é feito e como saem. Por esse motivo alinhar discursos e ter um pensamento único sobre os assuntos tratados pela equipe ajudam muito”, fiz Érica.
Não restringir a comunicação a um único canal facilita a entrega de mensagens. Jornal semanal, revista, murais, TVs corporativas, email marketing, todos os meios são válidos e eficazes quando administrados com equilíbrio.
“Alguns líderes estão pensando em tecnologia apenas como um jeito de reduzir custo. E é nesse momento que ela prejudica não só a comunicação, mas também a performance da empresa como um todo. Essas ferramentas são meramente veículos que transportam o conteúdo. Muitas empresas acreditam que podemos automatizar esse conteúdo. Porém, elas estão aprendendo rapidamente que conteúdo precisa da inteligência e criatividade humana para chegar ao seu destino de forma significativa capazes de impactar e transformar cultura e comportamento”, finaliza Machiaverni.
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