Fornecedores do setor de eventos preparados para a retomada das atividades
As empresas estão otimistas para a reabertura da economia e para os novos desafios que terão de enfrentar pós-pandemiaPublicado em 05/06/2020
A cadeia produtiva do setor de eventos, formada por empresas organizadoras e fornecedores de soluções especializadas para o segmento, foi uma das primeiras a parar desde o início da pandemia de COVID-19.
O setor vinha mantendo um crescimento expressivo, mesmo com a crise econômica dos últimos anos. Segundo um levantamento da ABEOC (Associação Brasileira de Empresas de Eventos), 73% das empresas esperavam crescimento de faturamento em 2020. Porém, a pandemia desacelerou e em muitos casos, paralisou por completo, as atividades das empresas e alterou as projeções de crescimento.
Um levantamento feito pelo Sebrae, avaliou a perda média de faturamento semanal dos microempreendedores individuais, micro e pequenas empresas, de acordo com o segmento de atuação. Embora todos os setores tenham registrado perdas, elas foram mais sensíveis na atividade da Economia Criativa (eventos, produções e etc.) (-77%), Turismo (-75%).
EXPECTATIVA PARA A RETOMADA DOS FORNECEDORES
No Brasil, alguns eventos estão previstos para acontecer já no mês de julho, outros foram remarcados para os meses seguintes. Porém, o consenso é que a maioria deva ocorrer normalmente somente em 2021.
Rogério de Nadai, sócio diretor da Five Transportes, acredita que a recuperação do setor onde atua, o de mobilidade corporativa, também deverá ocorrer somente em 2021.
“Infelizmente no nosso segmento fomos totalmente impactados. Sendo assim, acredito que a retomada da nossa atividade deva se reestabelecer apenas no segundo semestre de 2021. Porém, ressalto que o reestabelecimento não será mais como era antes e sim com uma demanda bem menor do que a anterior a pandemia”, prevê.
Rubens Bitelli Lorenzetti, diretor da Fantastic Brindes, também aposta na recuperação apenas para o próximo ano. “Acreditamos que com o retorno do comércio, o movimento voltará a crescer aos poucos, porém só se normalizando em 2021 mesmo”, disse.
Rosangela Gonçalves, vice-presidente de vendas e marketing da Hoffmann Tecnologia, conta que a empresa manteve as atividades com a realização de eventos híbridos e virtuais e que a retomada dos eventos presenciais deve variar de acordo com a localidade de cada filial. “Nossa expectativa é o retorno dos eventos presenciais a partir de junho e julho, dependendo da cidade. Como temos filiais em sete capitais brasileiras, cada um tem uma expectativa de data diferente”, afirma.
Robson Maciel, diretor comercial da CS Global, comenta que estão ao mesmo tempo apreensivos e otimistas, e apostam em uma retomada gradual. Apesar do segmento ser um dos mais atingidos pela pandemia, o amplo e criterioso protocolo sanitário adotado será crucial na retomada. Creio que os usuários dos nossos serviços estarão mais atentos e preocupados com esses cuidados. E o nosso público, que por algum momento utilizava táxis e transporte por aplicativo irá retornar, acredito, que em aproximadamente 100%, à utilização de empresas conscientes e que demonstram atenção a todos esses pontos”, avalia.
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MEDIDAS ADOTADAS PARA A CONTINUIDADE DOS NEGÓCIOS DURANTE A QUARENTENA
Desde o início da paralisação, as empresas do setor vêm buscando caminhos para se manter ativas, intensificando o relacionamento com clientes e mercado, e atuando para que os eventos não fossem cancelados, mas remarcados.
Rosangela Gonçalves, comenta que a empresa acelerou a realização de eventos híbridos e virtuais, que já estavam em desenvolvimento e implementação.
“A Hoffmann está na vanguarda na realização de eventos com interatividade, formato de programa de TV, pool de tecnologias para atender às demandas do setor. Temos estúdios totalmente preparados no Rio de Janeiro e São Paulo, além de estruturas móveis para atender nossos clientes em qualquer ponto do país. Estamos ampliando a capacitação de nossos colaboradores para o uso dessas novas tecnologias. E promovendo a aceleração de recursos de vídeoconferência, transmissão, interatividade, navegabilidade. Os resultados estão sendo positivos”, comemora.
“Mantivemos grande parte de nosso efetivo ativo, contatando nossos clientes, nos colocando à disposição para qualquer necessidade emergencial e também mantendo aquecido o contato para quando efetivamente estivermos com solicitações. Estamos nos adaptando à nova realidade, equipando nossos veículos com película protetora entre os passageiros e o motorista, disponibilizando álcool gel em sachê para nossos passageiros, limitando a capacidade dentro dos veículos, orientando à utilização de máscara e higienizando nossos veículos com maior frequência”, revela Rogério.
Rubens, da Fantastic Brindes, conta que junto com o anúncio da quarentena veio a oportunidade de suprir a alta demanda por produtos de proteção.
“Desde o primeiro dia do anúncio da quarentena, começamos a estudar o mercado e identificar demandas crescentes por produtos, como álcool em gel, máscaras de proteção, kits de higiene, frascos para álcool em gel, produtos para home office, entre outras oportunidades”, diz.
A busca por novos mercados e o aumento da presença nas redes sociais também foi uma saída para diversos setores, e também para os fornecedores de soluções para eventos como a CS Global. Rosbson disse que a empresa definiu pilares estratégicos de ações direcionadas à avaliação ampla de mercado e pesquisa por setores que poderiam explorar no momento, com a possibilidade de fortalecer a presença da empresa após a retomada dos negócios. Neste sentido, a área da saúde tem se mostrado um nicho bastante promissor.
“Em relação aos nossos procedimentos de higienização dos veículos, recriamos o manual de boas práticas, que está ainda mais criterioso na prevenção ao coronavírus. Em comunicação, intensificamos a nossa presença nas redes sociais, o que nos deixou ainda mais próximos dos nossos clientes, colaboradores, fornecedores e de todo o mercado”.
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TENDÊNCIAS QUE EMERGERIAM DURANTE A QUARENTENA E DEVEM PERMANECER
Após um longo período de paralisação e mudanças em hábitos individuais e coletivos, o setor terá de lidar com a insegurança das pessoas e com a adequação a regras muito mais rígidas, necessárias para a proteção coletiva e para o funcionamento dos negócios dos fornecedores.
Com o fim da quarentena, o uso de novas soluções tecnológicas deve ser otimizado e ampliado pelas empresas do segmento principalmente pelos fornecedores, que têm contato direto com clientes durante um evento.
Para Rogério de Nadai, alguns segmentos que atendem a área de eventos terão queda na sua demanda, visto que muitas empresas adotaram a prática de reuniões on-line, que reduzirá e muito os custos com deslocamento e hospedagem, por exemplo.
“Vejo a curto prazo uma migração para as lives, até por conta do momento que estamos vivendo de inseguranças, onde as pessoas não estão confortáveis em saírem de suas casas e encarar aeroporto, traslado, hospedagem e ficar dentro de uma sala com outras pessoas. Acredito que passando este momento, as pessoas sentirão necessidade de se relacionarem pessoalmente, e gradativamente os eventos voltarão a acontecer, porém com muito mais preocupação com a higiene”, analisa.
“O uso mais abrangente de recursos digitais será um dos legados da pandemia. Eventos híbridos e virtuais são as grandes tendências. Todos estudos direcionam para a tendência mais intensa de eventos híbridos e virtuais”, aposta Rosangela.
Rubens concorda e comenta que muitas experiências serão on-line, com o uso cada vez maior de ferramentas para realizar eventos e rodadas de negócios de forma virtual. “Após a quarentena começamos a utilizar as tecnologias de vídeochamada para fazer reuniões internas e também com clientes, o que não era muito aproveitado anteriormente”, aposta.
Em relação às normas sanitárias que serão exigidas para o funcionamento das empresas, Robson acredita que as novas ações serão focadas principalmente na segurança de colaboradores e clientes. “Nesta nova fase, os motoristas receberam treinamentos específicos, com foco no atendimento ao cliente e a importância da prevenção contra a contaminação do coronavírus. Nos veículos foi feita a instalação de cabines de acrílico”.
Ele também comenta outras medidas adotadas pela empresa na quarentena e devem permanecer no pós-pandemia:
- Utilização de 50% da capacidade máxima dos ônibus e micro-ônibus.
- Disponibilização, para motoristas e clientes, de máscaras e produtos de higiene em todos os veículos.
- Orientação para que as janelas fiquem abertas durante todo o trajeto, sempre que possível.
- Higienização interna completa do veículo, com aplicação de ozônio, ao final de cada viagem.
- Uso de termômetro digital para medição da temperatura do motorista antes de cada viagem, além de realização do procedimento junto aos passageiros.
- Aplicação de capas protetoras nos assentos dos veículos das categorias vans, micro-ônibus e ônibus.
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AÇÕES NECESSÁRIAS PARA ACELERAR A EVOLUÇÃO DO MERCADO DE EVENTOS
Este é um momento de planejar o retorno às atividades pós-pandemia. Agora, as empresas da cadeia produtiva de eventos, recuperam o fôlego e se preparam para retornar às atividades e acelerar a evolução do mercado.
“É preciso ampliar as demandas de 2020, com a união de todos os players: clientes finais, agências de Live marketing, TMCs, hoteleiros, centros de convenções, fornecedores, empresas de AV, e deixar a concorrência de lado para retomar os negócios. A curto prazo acreditamos que o slogan “não cancele, adie” deve se transformar em “não adie, faça híbrido”, para estimular os realizadores e organizadores de eventos a não pularem o ano de 2020. Nossa indústria é de consumo imediato. Muitos profissionais dependem deste movimento de retorno às atividades e as lideranças devem trabalhar nesta adaptação ao novo cenário a curto, médio e longo prazo”, enfatiza Rosangela.
“Para que haja uma evolução considerável, será preciso que todos os segmentos que compõem o setor de eventos se unam em prol do setor, apresentem planos eficazes e capazes de transmitir a confiança necessário ao público”,comenta Robson.
“De nossa parte, não cancelamos nenhum evento, somos apaixonados pelo contato direto com o consumidor e estamos prontos para voltar assim que a situação permitir. Mesmo que no início sejam feitos eventos menores, com limite de pessoas, higiene ao máximo e respeitando o distanciamento social, estaremos confirmados”, ressalta Rubens.
“Acredito que devemos, dentro do nosso segmento, ressaltar a importância dos encontros presenciais – obviamente mantendo toda a segurança dos participantes – e incentivar que as empresas continuem a fazer seus eventos de maneira presencial”, opina Rogério.
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