Inteligência de negócios: Tecnologia a serviço do mercado de eventos
Big Data, Cloud Computing e outras plataformas estão ajudando a otimizar e melhorar o trabalho no setorO mundo e a inteligência de negócios
O mundo definitivamente é outro depois da capacidade de criar inteligência de negócios com o advento da internet, afinal com o auxílio dos computadores, programas e aplicativos as empresas otimizaram processos que levavam dias para serem feitos. Hoje o erro é mínimo, já que em muitos trabalhos, a interferência humana é bem pequena. Quando pensamos em eventos, dados valem ouro. Antes, tudo o que o organizador tinha era o nome, telefone e endereço dos participantes anotados em papéis que demoravam horas para serem catalogados, agora o céu é o limite.
Atualmente, com a inteligência de negócios, os formulários on-line são feitos em plataformas gratuitas como o Google Forms e disponibilizados no Google Docs, tudo fica armazenado no cloud (nuvem) e pode ser acessado de maneira muito simples e ágil. Além disso, as pessoas despejam milhares de informações, mesmo sem perceber, todos os dias nas redes sociais: Facebook, Instagram, Twitter, LinkedIn, entre outras. Está tudo lá para quem deseja utilizar, basta que haja conhecimento para explorar os dados com ferramentas como o Big Data, por exemplo.
Big data e o universo de dados
Você já ouviu falar em Big Data? É o termo usado para descrever o grande volume de dados estruturados e não estruturados que circulam a cada segundo. Os dados estruturados possuem uma organização determinada como em uma ficha de inscrição com nome, idade, empresa, endereço. Já os não estruturados, englobam portais de notícias e redes sociais. Uma ferramenta poderosíssima da inteligência de negócios.
Para serem consideradas Big Data, as informações devem seguir as características dos chamados ‘5 Vs’: Volume de dados gerados por diversas fontes, Velocidade para analisar as informações em tempo hábil para tomar decisões, Variedade de fontes de dados estruturados e não estruturados, Veracidade dos dados para convertê-los em resultados para a empresa e o Valor, pois as análises de Big Data precisam estar de acordo com a proposta da empresa e gerar algum valor.
Para se ter uma ideia da importância do Big Data, recentemente, pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), da Universidade de Michigan, do Hospital Brigham, de Boston, e da Escola de Medicina da universidade de Harvard desenvolveram uma ferramenta médica através da análise de dados. A invenção determina com mais precisão a possibilidade de ataques cardíacos e até risco de morte em pacientes que já sofrem de problemas no coração.
Atualmente o volume de dados que está sendo criada e armazenada no mundo inteiro é bem maior se comparado com épocas atrás. O que significa que existe um campo de trabalho extenso para Big Data. Cada vez mais as empresas querem conhecer o seu público-alvo. A informação certa é capaz de alavancar um negócio em qualquer segmento.
O country manager da Eventbrite Brasil, empresa de eventos que trabalha com inúmeras tecnologias como aplicativos e sistemas voltados para o setor, Hugo Bernardo, afirma que é preciso o trabalho de um profissional especialista no assunto para explorar toda a capacidade do Big Data. “Um cientista de dados e de software específico para criar algoritmos e análises estatísticas podem realizar o trabalho”. Ainda de acordo com Bernardo, para transformar dados em insights é preciso classificar e qualificar as informações para que elas se tornem acionáveis para o seu negócio. “O segredo do sucesso para conseguir gerar valor do grande volume de dados. O profissional que está realizando a análise deve entender sobre o negócio e quais são as questões que ainda não foram respondidas por falta de dados. Como encontrar esses dados é apenas uma das atividades no processo de descoberta”.
Big data e eventos – Transformando dados em resultados
O uso assertivo dos dados tem possibilitado muito ganhos para o mercado de eventos. Afinal, podemos dizer que eventos são geradores de informação por natureza. É o que pensa o consultor de negócios sênior para a América Latina da Teradata, Maurício Andrade. “Há muita informação disponível hoje sobre indústrias, mercados e pessoas. É preciso que as organizações criem capacidade de ‘ouvir’ esses dados a fim de que seu conteúdo seja analisado e transformado em ações que impactam os processos decisórios: definição de temas, busca por conteúdos, construção das dinâmicas dos eventos, divulgação e venda de espaços e ingressos, entre outros”, diz.
A Teradata é uma multinacional que trabalha processando grandes volumes de dados de diferentes origens. A empresa possui clientes em mais de 75 países no mundo todo, entre eles marcas conhecidas em telecomunicações, transporte, varejo, bens de consumo, serviços financeiros e manufatura.
Andrade teve a oportunidade de participar da 15ª Feira EBS – Evento Business Show, na ocasião conduziu a palestra ‘como aproveitar o Big Data Analytics para envolver o seu público?’.
Quando falamos atualmente em eventos, Andrade acredita que os canais digitais representam um enorme potencial a ser explorado. “O organizador pode ter site, páginas em redes sociais, etc. É imprescindível que essa ‘representação digital’ tenha relacionamento com os participantes ou interessados, interagindo sempre que possível e buscando aprender com essas interações. Durante a Feira EBS, usei um exemplo muito simples utilizando o que já é disponibilizado pelo Google Trends, mas há muitas outras ferramentas para buscar e analisar informações em redes sociais ou em outros locais”.
Os dados estão na nuvem – O que é o cloud computing?
O conceito de computação em nuvem, em inglês, Cloud Computing ganhou força em meados de 2008, de lá para cá o sistema mudou, evoluiu e se popularizou. Estávamos acostumados a manter arquivos e dados dos mais variados tipos instalados em nossos computadores e dispositivos, mas com a chegada do Cloud todos os documentos, imagens e dados ficam disponíveis na nuvem, isto é, na internet. O serviço é oferecido por grandes empresas como Google, Amazon e Microsoft. Cloud Computing, uma tecnologia a disposição da inteligência de negócios.
Para o Chief Technology Officer (CTO) na América do Norte da CI&T, Daniel Viveiros, o Cloud Computing é uma maneira de enxergar a computação como serviços, e não como ativos dentro da empresa. “A computação em nuvem coloca esse modelo em xeque: não compre nada nem tenha nada fisicamente dentro da sua empresa, use todos os recursos diretamente da nuvem. Com isso, as empresas vão ganhar mais agilidade (foco no negócio e não em commodities de computação), escalabilidade e vão pagar apenas pelo que usam”.
A CI&T é uma empresa do Brasil, especialista global em soluções digitais, que firmou parceria com o Google em 2011. Na época, a multinacional brasileira iniciou uma linha de negócio exclusiva para Cloud Computing. O acordo foi firmado inicialmente para revender e implantar G Suite (antigo Google Apps) por aqui, e rapidamente ampliou-se para Japão e Estados Unidos. Assim foi incorporada uma oferta mais ampla para os outros serviços de nuvem como infraestrutura e plataforma.
Cuidados na utilização do Cloud Computing
Dentro do ambiente corporativo existem dados que não podem ser divulgados externamente, ficando apenas no domínio dos funcionários autorizados. Logo a preocupação das empresas em relação ao Cloud é o vazamento dos arquivos, entretanto a plataforma é perfeitamente segura desde que sejam tomadas algumas precauções. Algo aparentemente comum como a senha faz muita diferença, o ideal é que a senha usada no Cloud seja segura. Quer dizer que quanto maior for a complexidade dela, misturando letras com algarismos e números, mais forte ela será, ou seja, mais difícil de ser descoberta. Segundo os especialistas em tecnologia a senha precisa ser mudada com uma certa frequência, o que dificulta a quebra de sigilo.
Quando falamos em Cloud dentro de uma empresa é necessário impor regras claras sobre o compartilhamento de arquivos. É natural a existência de vários níveis de usuários nos mais variados setores; no entanto, deve haver uma supervisão no acesso aos dados confidenciais. Para melhorar ainda mais os sistemas de segurança do Cloud Computing, as empresas optam por utilizar uma nuvem privada, ela oferece basicamente os mesmos benefícios da nuvem pública. O que muda é que essa nuvem fica no ambiente da própria empresa, não nas dependências físicas, mas sim dentro dos sistemas de firewall e informática.
Cloud computing no mercado de eventos
É inegável que as empresas de eventos necessitam de muita agilidade na dinâmica diária, pois a demanda de serviços é grande e o tempo é curto. Logo, a tecnologia veio para facilitar o trabalho dos profissionais. Aos poucos os sistemas foram ficando mais informatizados, nesse contexto é que o Cloud Computing chegou aos escritórios para ficar.
Segundo Viveiros, a nuvem pode ajudar a indústria de eventos de diversas maneiras, já que temos excelentes plataformas de software que auxiliam a organizar e conduzir os serviços. “Empresas de todos os tamanhos estão conseguindo criar ativos e experiências digitais que enriquecem os eventos, desde a divulgação, entretenimento e recursos mais sofisticados, como sensores que capturam movimentos, mandam os dados para a nuvem e permitem criar heat maps de quais locais do evento estão sendo mais visitados para análise posterior”.
Outro caso apontado pelo profissional da CI&T é que a nuvem fornece uma colaboração valiosa para lidar com picos de acesso de usuários, o que geralmente acontece nas vendas de ingressos de bandas famosas, por exemplo. A nuvem permite a criação de novos servidores sob demanda para aumentar a capacidade de processamento dos websites, permitindo atender mais usuários simultaneamente, sem que ocorra perda de qualidade de acesso.
Uma das empresas de eventos mais tradicionais do Brasil, a MCI Brasil, tem aproveitado todas as vantagens que o Cloud proporciona. “Somos orgulhosos em dizer que nosso trabalho está 100% na nuvem. Isso nos ajudou a otimizar e planejar nosso tempo, todas nossas demandas, horas trabalhadas estão na nuvem e abertas para todos da equipe. Isso faz com que saibamos exatamente o que cada um está fazendo, quanto tempo e investimento cada trabalho ocupa. Ainda conseguimos prever demandas futuras, cobrar e redirecionar melhor cada job. Trabalhamos muito com freelancers, assim estamos sempre on-line, sem precisar estarmos todos na agência, e conseguindo acessar todos os documentos em qualquer lugar, até via mobile”, afirma uma das responsáveis pelo núcleo de inovação, Bárbara Werlang.
Seguindo o que está acontecendo hoje a tendência é que tecnologias como Cloud Computing e Big Data se tornem cada vez mais imprescindíveis nas vidas das empresas em todos os segmentos, e principalmente no segmento de evento. Um exemplo disso é que em 2016, a multinacional da informática Google elevou o Brasil a uma das oito regiões para serviços de infraestrutura em nuvem, o que acirrou a disputa com empresas como Microsoft e AWS.
Depoimentos
“É preciso o trabalho de um profissional especialista no assunto para explorar toda a capacidade do Big Data.”
“É preciso que as organizações criem capacidade de ‘ouvir’ esses dados a fim de que seu conteúdo seja analisado e transformado em ações que impactam os processos decisórios.”
“A computação em nuvem coloca esse modelo em xeque: não compre nada nem tenha nada fisicamente dentro da sua empresa, use todos os recursos diretamente da nuvem. Com isso, as empresas vão ganhar mais agilidade, escalabilidade e vão pagar apenas pelo que usam.”
“Temos que complementar a técnica do jeitinho com muita tática, com muito preparo e reconhecimento.”