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ClubHouse: Nosso Lugar de Falha

Foto: Divulgação
"Lá não dá para se esconder por trás de fotos, vídeos produzidos, ou artigos como esse aqui"

Publicado originalmente no Blog Beia Carvalho – 11/02/2021

A bomba ClubHouse atingiu o Brasil!

Potencialmente uns 15% dos brasileiros que têm Iphone ou um Ipad que use o sistema IOS. Quem tem Androide terá que esperar um pouco mais.

Ninguém vai querer ler esse artigo

Imagino que esse é o tipo de artigo que ninguém vai querer ler. Por que?

Bem, pra quem #não entrou nessa nova rede social CLUBHOUSE, não vai se encantar com uma rede que só tem áudio, não tem DM, nem fotos. Não dá pra mandar mensagens, emojis, nem figurinhas. Que o que você diz não pode ser editado, gravado ou reproduzido.

É difícil explicar esse vício.

Acho muito difícil explicar o porquê CH é tão viciante. Em uma frase, esse app permite fazer o que os seres humanos têm feito há centenas de milhares de anos e não se cansam: conversar ao vivo.

Você já está lá?

Pra quem já entrou, já sacou a maior parte do que vou falar por aqui. Desde a semana passada, alguns milhares de brasileiros mudaram de casa e passaram mais de 48 horas sem dormir, dentro de salas de conversas e clubes no novo app ClubHouse.

É um lugar muito difícil de você se esconder. Digo, você, seu verdadeiro eu.

Porque falar ao vivo para uma plateia (que você não vê, mas está lá), em frente a moderadores (que você não vê, mas interagem em tempo real com você) não deixa tempo hábil para o fake. É muito dinâmico.

Quem sabe faz ao vivo.

Lá não dá para se esconder por trás de fotos, vídeos produzidos, ou artigos como esse aqui. Lá é a moradia da frase “quem sabe faz ao vivo”.

É um lugar de autenticidade e não de originalidade, como diria o diretor Jim Jarmursh. Se vai continuar assim? Não sei. Se vai crescer exponencialmente, YES! Se é um lugar para o novo jeito de se fazer negócios para todo o tamanho de empresas, YES!

Empresas: corram!

Duvido que você não tenha umas 10 ideias de negócios só de pular de sala em sala, por umas poucas horas. Discussões em grupo; participação em Clubes temáticos; salas de teste, aprofundamento e radicalização de conceitos; atendimento ao cliente; reuniões fechadas.

Não estou dizendo que uma grande marca esteja hoje fazendo negócios lá. Mas os mentores (celebridades ou não) estão lavando a égua, desde a semana passada. Eu testemunhei gente fechar negócios ao vivo.

Tem gente sem dormir a 48 horas

Esse é um dos atrativos que levaram hordas de pessoas a ficar horas e dias numa sala. Acesso a celebridades. Pensou em músicos, atores? Tudo. Celebridades e figurinhas carimbadas do mercado financeiro e das fórmulas mágicas, do marketing digital; dos óleos essencias; Jesus; diversidades; LGBTQ+; dicas para matar pernilongos; mulheres empreendedoras; fotógrafos; ageísmo; conflitos geracionais e papos de boteco. E salas para você aprender tudo o que tem que saber para navegar no CH.

Oprah, Elon Musk e Anitta, ou simplesmente nós

Salas com 300 e 5.000 pessoas – oops, aí lotou, você não pode mais entrar. Para quem achou, como eu, que salas com 5.000 participantes só aconteceu porque o evento era da Oprah ou Elon Musk, se enganou. No 1º fim de semana brasileiro, já havia salas tão lotadas quanto.

Sem imagem, você tem que ouvir, tem que prestar atenção, senão não dá pra acompanhar ou entrar na conversa. Fica muito claro também, quem tem o dom da palavra, quem tem conteúdos e rápido poder de contextualização.

No “rádio: a conversa não pára.

Porque como o rádio, a conversa não pode parar. Fiquei bem impressionada com a quantidade de excelentes moderadores, costurando os assuntos, chamando as pessoas para o palco, dando dicas do app e resumindo muitas falas. Porque não dá pra ficar mudo no ClubHouse. Sala boa é sala de moderadores firmes e preparados.

Outra coisa que notei (e gostei) foi que aqueles que se vendem com discurso pronto há anos, as “palestrinhas”, ficam peixe fora d’água. Porque as salas temáticas não são sobre si, mas sobre a relação dos moderadores/influenciadores e participantes com o tema. E pelo menos neste início de Clubhouse, o peito aberto e a vulnerabilidade estão mais em alta que aqueles discursos chatos do Linkedin. É o poder do ao vivo.

Crescimento exponencial

ClubHouse cresce também pela facilidade de interagir: escutar e falar. Sem mouses. Sem teclado. Uma das discussões quentes suscitadas pelo app é a população surda, que no Brasil somam 10 milhões (5% da população), dos quais 2.7 milhões possuem surdez profunda. Na última atualização do app, houve uma melhora do recurso de acessibilidade “Voice Over”.

Apesar de ainda estar em Beta*, o app passou de 600.000 usuários em dezembro de 2020 para 6 milhões no dia 5 de fevereiro. As buscas no Google cresceram 4.900%. nem sei calcular isso. Nesse período, sua avaliação também passou de US$100 milhões para US$1 bilhão – quando saiu dos EUA e começou a ser lançado em vários países do mundo.

Tem sala de tudo: escolha a sua

É a rede do “é dando que se recebe” – pelo menos, por enquanto. Muitas salas lembram redes de apoio com profissionais de peso mentorando e ajudando em temas nichadíssimos de empreendedorismo, diversidades de raça, gênero, gerações; pitches, investimentos, dicas de redes sociais. Tem uma sala para cada um. E em uma sala futurista que entrei, sobre “e Se viermos 600 anos?”, com a excelente moderação do Candreva (@luizcandreva), fiquei me perguntando: aonde estavam essas pessoas, gente? Com tantos conhecimentos sobre medicina, o espaço, as últimas pesquisas em seres humanos? É o poder do áudio ao vivo que expos vulnerabilidades, compaixão, coragem, empatia. E virou esse rádio que você não quer desligar e só muda de “estação”.

Nessa minha primeira semana de experiência, vejo a rede assim, poliânica. Hora de explorar. Mas tem gente muita gente achando que é só mais do mesmo. Que bom que não é unânime.

Monetarizar conteúdos

Segundo matéria da CNN Brasil, “em um comunicado divulgado na última semana, a desenvolvedora disse que quer investir em criadores de conteúdo, valorizando-os como parte vital do sistema. ‘Planejamos lançar nossos primeiros testes para permitir que os criadores sejam pagos diretamente, por meio de recursos como gorjetas, ingressos ou assinaturas’.” _ Clubhouse, em nota. Enquanto isso, Zuckerberg testa uma plataforma de áudio.

Banimento é pra valer

Banimento é um assunto levado a sério nessa nova febre social. É muito fácil denunciar pessoas pelo desrespeito às regras. Mas se você banir indiscriminadamente, também será banido. As conversas não ficam gravadas, mas se tiver denúncias, a conversa fica gravada pelo app por 24 horas para revisão do conteúdo reportado. Se você gravar conversas, por exemplo, estará sujeito ao banimento.

O ClubHouse também já tem lendas. Uma delas é que se você for banido, a pessoa que te indicou (que te enviou o convite) também será banida. Confirmei em algumas salas que isso não está valendo. A intenção de trazer a co-responsabilidade parecia válida, mas o resultado seria bastante injusto.

Pra você que ainda não entrou, ou que não pode entrar, porque usa o sistema Android, algumas dicas. Dicas que no primeiro dia são valiosas e que em poucas horas envelhecem: parece que você sempre viveu dentro do app.

Dicas de Etiqueta, tempo e pings

Etiqueta: não é porque você pode falar que você roubar a cena e ser o chato do pedaço. Entrei numa sala que se chamava “proibido falar de si” e um participante foi advertido 4 vezes seguido que todas as suas frases começavam com ele falando de si. Você até pode passar o seu recado, mas pode ser também o palhaço da vez. Ou o chato que quando levantar a mão pra falar, ninguém dará direito a voz.

Algumas salas vão organizando a bagunça e determinam tempo de participação. É muito mais bacana.

Você pode fazer a busca por pessoas e clubes, mas não consegue buscar salas. Então, como você acha uma sala que tem a ver com você. Mostrando para o algoritmo as suas preferências temáticas, seguindo pessoas que te interessam e acionando o sininho no perfil delas. Assim, toda vez que ela estiver numa sala, a sala aparece pra você, se você optar por “sempre” seguir ou “frequentemente”. Você também pode ser “pingado”(ping). Alguém que te conhece e sabe de seus interesses tem “ping” informando que tem uma sala com aquele determinado assunto rolando.

Ah, a Bio!

Por que a BIO é tão importante nesta rede, principalmente as 3 primeiras linhas? Porque você quer saber quem é aquela pessoa que está falando, enquanto ela está falando. É só clicar na fotinho da criatura e ela estará revelada. Ou não. Na bio você deve preencher as 2 redes permitidas: Twitter e Instagram. Porque se alguém quiser falar com você, esse será o caminho. Não há como trocar mensagens no app. Ouvi dizer que estão pensando em uma forma dos moderadores de uma sala poderem trocar mensagens, entre si, para se organizarem. Veremos.

Você entra e sai da sala sem pedir licença e sem se desculpar. Mas os moderadores brasileiros se alongam demais nas razões pelas quais tem que deixar a sala. Gente! Tem vida fora do app!

Eu ia escrever uns 2 parágrafos e sou eu quem está se alongando demais. Agora, se você gostou, depois eu te ensino como bater palminhas, tá?

Aproveita que você entrou e me siga: @beia

E sim, me siga, @beia, acione o sininho e boas conversas. Aproveite enquanto, em volta do clube, só tem mato, rs. Estou me preparando pra ter uma sala. Mais trampo. E dá aquele medinho do novo.

NOTAS:

Jim Jarmursh: Autenticidade é inestimável; originalidade é inexistente. Original: Authenticity is invaluable; originality is nonexistent.

IBGE: 5% da população brasileira é composta por pessoas que são surdas? Esse dado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), aponta que esta parcela corresponde a mais de 10 milhões de cidadãos, dos quais 2,7 milhões possuem surdez profunda, e, por isso não escutam absolutamente nada.

Beta: é a versão considerada aceitável para ser lançada para os usuários, mas que ainda está em testes sendo aperfeiçoada.

Apple tem 8 dos 10 aparelhos mais vendidos em dezembro nos EUA: https://mundoconectado.com.br/noticias/v/16910/apple-tem-8-dos-10-aparelhos-mais-vendidos-em-dezembro-nos-estados-unidos

Confira 3 formas de ganhar dinheiro com o novo aplicativo de áudio Clubhouse: https://www.cnnbrasil.com.br/business/2021/02/10/confira-tres-formas-de-ganhar-dinheiro-com-o-novo-aplicativo-de-audio-clubhouse

#clubhouse #app #redesocial #beiacarvalho

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