Inovação é a palavra chave para as pessoas e empresas que procuram um diferencial competitivo no mercado. O conceito, em si, pode sofrer alterações dependendo de sua aplicação, mas segue a premissa de apresentar novas ideias em diferentes setores da indústria, englobando novos mercados, modelos de negócios, ou métodos organizacionais, por exemplo.
Nos últimos anos, os setores que apresentam maior intensidade e aplicações tecnológica estão crescendo no Brasil. O país já conquistou mercados externos e até a liderança em alguns nichos, competindo à nível global sobre exportações de produtos e serviços de TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação), por exemplo, bem como produtos e serviços para a área de saúde.
Diversos setores apresentam um ambiente fértil para o desenvolvimento de inovação e tecnologias, como é o caso das startups, empresas com modelos de negócios inovadores e escaláveis, baseados em pesquisa e tecnologia. Esse cenário, aliás, está em ebulição no Brasil.
De acordo com a LAVCA (Latin American Private Equity & Venture Capital Association), organização sem fins lucrativos e com atuação na América Latina, os recursos aportados em startups brasileiras vêm crescendo cerca de 30% ao ano desde 2011, superando a marca de U$ 1,3 bilhão em um período de cinco anos.
“Quando entramos nos setores ligados à Economia Criativa, tais como audiovisual, música, design, games, arte, moda, entre outros, também identificamos o desenvolvimento de muitos produtos e serviços inovadores. No Brasil, este segmento é forte e diversificado, conta com reconhecimento internacional e tem potencial para atingir um espaço ainda maior no mundo. E é extremamente importante economicamente: o PIB da economia criativa brasileira somou US$ 47 bilhões em 2015, valor equivalente a 2,64% do PIB brasileiro total”, afirma Márcia Nejaim, Diretora de Negócios da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
O país possui um potencial muito maior do que o mostrado ao mundo atualmente e, ao participar de encontros com os principais players da inovação e criatividade, assim como investidores, caminha para ser conhecido muito além das definições tão disseminadas pelo Carnaval e futebol, por exemplo.
Segundo Valter Pieracciani, sócio-fundador da Pieracciani Desenvolvimento de Empresas, o Brasil é um país heterogêneo, mas há um ecossistema de inovação robusto em formação, abrangendo novos espaços de coworking, movimentos empresariais de engajamento com startups – inclusive internacionais –, plataformas de engajamento, agências de fomento e outros elos.
“Este ecossistema tem ganhado cada vez mais a atenção do mundo. Há, por exemplo, interesse de investidores internacionais por startups brasileiras. Há também interesse dos chineses e de outras partes do mundo. O fato de Elon Musk [empreendedor e dono das empresas Tesla e SpaceX], o maior inovador de nossos tempos, estar operando no Brasil (Minas Gerais), deveria ser visto por nós como algo representativo”, afirma.
Incentivos para a área
Ainda com um ecossistema não comparável ao dos principais países como Inglaterra e Alemanha, por exemplo, o Brasil deve ter esse cenário alterado nos próximos anos.
Em dezembro de 2017, o Governo Federal decretou a criação da Sala de Inovação do Poder Executivo.
A iniciativa tem o objetivo de definir estratégias e coordenar ações de atração de centros e projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) de grandes empresas, assim como a instalação de novos centros de pesquisa em tecnologia no país.
A Apex-Brasil integra o Comitê Gestor da Sala de Inovação, ao lado de diversos órgãos governamentais, e tem a função de ser o ponto focal para o atendimento a empresas estrangeiras interessadas em abrir centros de PD&I no Brasil. “A atração deste tipo de investimento para o país gera inovação, tecnologia e qualificação da mão de obra para a indústria nacional.
A Apex-Brasil já atendeu, nos últimos anos, várias multinacionais que hoje têm centros no Brasil, como a IBM, Elanco, Intel, Qualcomm, Lenovo, Microsoft, Boeing, EADS e General Electric (GE)”, conta Márcia Nejaim.
A iniciativa deve melhorar os inventivos para a inovação no país, que, por enquanto, são menores do que deveriam. “Com o país em desenvolvimento e em função dos baixos índices de competitividade que temos, deveríamos correr e investir muito mais do que fazemos atualmente para podermos nos manter com competitividade global. Em especial, a Lei do Bem, que subsidia atividades de pesquisa e desenvolvimento, é um incentivo que poderia ser triplicado”, afirma Pieracciani.
Essa medida, segundo ele, traria imediatamente tração para a inovação. “O financiamento dos bancos públicos para a inovação também precisa ser dinamizado e ampliado, com mecanismos de crédito novos e que permitam, a quem arrisca e inova, obter recursos para isso”, acrescenta.
Ações de Inovação
Diversas organizações já têm consciência sobre a importância da inovação para o desenvolvimento do país e dos próprios brasileiros. Algumas soluções são aplicadas nesse sentido, como a “Gestão da Inovação – Inovar para Competir”, do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
A ação foi criada para proporcionar desenvolvimento de competências que ajudem na compreensão de conceitos relativos à inovação e processos de gestão da inovação dos participantes, conscientizando sobre a importância do tema para a competitividade no mercado.
Tecnologia e inovação são assuntos presentes em vários segmentos da economia trabalhados pela Apex-Brasil. Com atuação em mais de 80 setores, por meio de projetos de promoção de exportações, a agência trabalha para que empresas com produtos e serviços inovadores encontrem espaços no mercado internacional.
“Também atuamos na internacionalização de empresas e startups e na atração de investimentos estrangeiros diretos (IED) para o Brasil. No caso da atração de IED, nosso foco é em empresas estrangeiras e em projetos que oferecem inovação tecnológica e novos modelos de negócios, fortalecem as cadeias de suprimentos industriais, têm impacto direto na criação de emprego nacional ou melhoram o volume e a diversidade das exportações brasileiras”, afirma Márcia.
A Apex-Brasil trabalha ainda pelo posicionamento da marca Brasil. Atualmente, esse trabalho está organizado por meio da campanha Be Brasil, que busca promover a imagem do país como um parceiro de negócios confiável para o mundo.
“Nesta campanha, destacamos os atributos de inovação, criatividade, sustentabilidade e diversidade, todos presentes na produção brasileira”, acrescenta a diretora de negócios da agência.
É importante destacar que inovação não está ligada somente à tecnologia, mas sobre uma nova forma de gerir negócios, que agregue mais valor durante todo o processo de gestão e serviços de uma empresa.
Eventos de inovação
Um dos componentes essenciais para a inovação é o contato entre profissionais e o matchmaking – reunindo pessoas e empresas com um objetivo comum.
Assim, os eventos são uma opção interessante para o mercado de inovação, oferecendo um contato pessoal, imprescindível para difundir e promover ideias que buscam inovar em diversas áreas.
Os brasileiros estão ganhando destaque nos principais eventos de inovação do mundo, como o SXSW (South by Southwest), que acontece em Austin, nos Estados Unidos, e reúne os principais nomes do mercado, discutindo temas como tecnologia e inovação.
O evento conta com a participação expressiva dos brasileiros, especialmente com a ajuda de projetos como o Brazil Inspires The Future, da Lynx, agência especializada em marketing de causas, em parceria com a Storymakers.
“Sabemos que as empresas brasileiras estão lidando com grandes desafios globais de uma forma inovadora e criativa, mas como mostrar? Para isso que, conhecendo as empresas e o festival, nós pensamos em criar o Inspires the Future, onde o nosso propósito é justamente esse, de compartilhar com o mundo o modo como nós estamos lidando com desafios globais de uma forma inovadora e criativa”, diz Wal Flor, sócia-diretora da Lynx e idealizadora do Brazil Inspires The Future.
Logo em seu início, o projeto levou algumas empresas brasileiras para o principal palco de economia criativa do mundo no SXSW, com nomes como Ambev, Embraer e Natura, para discussões sobre temas como futuro inteligente, design e impacto social, por exemplo.
Sendo assim, a presença dessas organizações foi importante para, além de representar o país, promover a conexão com empresas de todos os lugares do mundo. Uma oportunidade para incentivar a criação de novas soluções, por exemplo, conceito ligado diretamente com a premissa da inovação.
Para Wal Flor, é importante desmistificar a característica do brasileiro de se encaixar na cultura do vira-lata – ou seja, de não valorizar o que é brasileiro. “Às vezes, a gente não se acha capaz de estar apto a um festival como esse. Temos uma relevância? Temos algo importante para contribuir, compartilhar? A maioria das empresas tem”, afirma.
Este ano, a Apex-Brasil apresentou uma delegação recorde de brasileiros durante o SXSW, com presença expressiva nesse festival, responsável por definir cenários e tendências em tecnologia, inovação e branding nos mais diversos setores econômicos. “Levamos 77 empresas brasileiras, um número 500% maior do que quando começamos a apoiar a participação no festival, em 2014. Tivemos uma presença maciça do Brasil também por meio de ações de marketing e da participação de empresas brasileiras nos painéis e discussões do evento. Com isso, conseguimos reforçar a nossa posição de protagonistas no mundo em termos de Economia Criativa”, diz Márcia Nejaim.
As empresas brasileiras que participaram do SXSW em 2018 fecharam US$ 129,9 milhões em negócios, além de firmar contatos com potenciais compradores, investidores e parceiros.
Um futuro brilhante para inovações
O Brasil está caminhando para um amadurecimento do sistema de inovação graças ao aumento no interesse dos brasileiros pelo empreendedorismo – além do interesse cada vez maior dos investidores e fundos corporativos sobre o que vem sendo desenvolvido no país. Com um processo contínuo de melhoria dos instrumentos de apoio públicos e privados, as perspectivas são otimistas para os próximos anos.
Eventos que promovem a inovação
No Brasil, alguns eventos são promovidos para incentivar a inovação. Os encontros possibilitam que as empresas estejam antenadas com as novas discussões e possam verificar se suas estratégias, modelos de negócios, produtos e serviços estão adequados, assim como possíveis adaptações e melhorias necessárias.
Listamos alguns dos principais, que acontecem todos os anos no Brasil.