Atualizado em 13/11/2020
Enquanto o mundo está às voltas da descoberta de uma vacina eficaz no combate à pandemia do novo coronavírus, alguns estados brasileiros começam a liberar a realização de eventos presenciais, e o setor vai aos poucos retomando suas atividades.
Segundo um balanço recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 193 pesquisas de vacina para a Covid-19 estão em desenvolvimento e ao menos 42 delas já estão em fase clínica, que é a etapa de teste em humanos, sendo que 10 estão na última fase de testes.
Ao mesmo tempo em que o Brasil começa a registrar uma queda no número de mortes e contaminação pelo novo coronavírus, temos acompanhado a temida segunda onda de contágio na Europa. Nesta semana, o governo italiano voltou a proibir a realização de feiras, congressos, conferencias e eventos no país, entre 26 de outubro e 24 de novembro. Com a subida no número de casos, medidas de restrição de circulação foram implementadas novamente. Nos Estados Unidos, também vem sendo registrado um aumento no número de casos.
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Mas enquanto uma vacina definitiva não chega, o mercado de eventos busca meios para retornar às atividades, e após meses de paralisação e muito empenho das empresas e entidades do setor em criar em conjunto com as autoridades protocolos rígidos de segurança, tudo o que o segmento não espera é parar novamente. Neste sentido, surge um questionamento: os testes rápidos podem de alguma maneira acelerar a retomada dos eventos presenciais?
Recentemente, a UFI (Associação Global da Indústria de Exposições) e a Siso (Sociedade para Organizadores de Feiras Independentes), defenderam a testagem rápida como a melhor solução para criar um ambiente seguro para a realização de eventos de negócios gerenciados.
Essas entidades defendem que o teste rápido pode ser aplicado antes e depois do voo e nos pontos de entrada para eventos – substituindo a necessidade de pessoas ficarem em quarentena se os testes forem negativos.
Pensando na volta dos eventos ao vivo pós-pandemia, a Ticketmaster, maior empresa de venda de ingressos de shows do mundo, revelou em reportagem publicada na revista Billboard, que está trabalhando na construção de um aplicativo de ingressos nos EUA que seja integrado com sistemas de saúde do país, e que verifique se a pessoa testou negativo entre um e três dias antes do evento, ou se ela foi vacinada contra a Covid-19. Em caso positivo, a entrada no espetáculo seria negada. A matéria não descreve se há a intenção de aplicar em outros países.
A empresa pretende implementar um ingresso digital vinculado à identidade do comprador, além de um novo sistema que ajudará fãs e organizadores a gerenciar o distanciamento social, inclusive com a possibilidade de rastreamento de contatos.
“Já estamos vendo muitos prestadores de serviços de saúde preparados para lidar com essa verificação – seja para saber se foi tomada a vacina, se foi feito um teste ou outros métodos de revisão e liberação – e isso pode ser ligado ao sistema de ingresso digital, para que todo mundo que entre no evento seja verificado”, disse à “Billboard” o presidente da Ticketmaster, Mark Yovich.
Alguns aeroportos já possuem estações de teste rápido de Covid-19 que oferecem resultados no local. Um deles é o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, que instalou um laboratório para a realização de testes do tipo RT-PCR para detectar o coronavírus em passageiros e funcionários.
Para Alexis Pagliarini, presidente executivo da AMPRO – Associação de Marketing Promocional, toda medida de prevenção seria positiva no sentido de tranquilizar as empresas. Mas ele defende que poderia ser opcional e contar com uma estrutura parceira que disponibilizaria testes não obrigatórios, por exemplo.
“As limitações já impostas nesse momento de liberação gradual já são inibidoras para o público. Além do custo adicional que os organizadores teriam, as medidas já existentes (medição de temperatura, álcool em gel disponibilizado em diversos locais e distanciamento) deveriam ser suficientemente tranquilizadoras para a indústria”, comenta.
Malu Sevieri, diretora Geral da Emme Intermediações de Negócios, concorda com Alexis Pagliarini e afirma que os protocolos são suficientes para oferecer segurança nos eventos. Para ela, os testes não oferecem tranquilidade para as empresas e participantes de eventos, pois a contaminação pode ocorrer também no deslocamento, ou a pessoa pode ser assintomática, por exemplo.
“Acho que o que oferece tranquilidade, tantos para as empresas quantos para os participantes dos eventos, no geral, são os protocolos de segurança, não é o teste. Além do fato de as empresas e os visitantes verem que tem higienização o tempo inteiro. É a aferição da temperatura, o uso da máscara, a limpeza de superfície com luz ultravioleta, por exemplo. Também existem aspiradores de ar que fazem a descontaminação do ar nos eventos. Então isso, pelo menos no meu ponto de vista- e no evento que já conseguirmos realizar – é o que mais trouxe tranquilidade para as empresas”, afirma.
Na opinião de Malu, se por um lado, a realização de testes rápidos não ajudaria na retomada de eventos presenciais – no caso de eventos abertos, como feiras, congressos, e seminários -, já para eventos corporativos, poderia ajudar muito, por se tratar de um núcleo de pessoas controlado.
“Um bom exemplo, é o caso de uma convenção de vendas em que a empresa deixou o funcionário em home office o ano inteiro, e precisa se reencontrar com ele pelo menos até o final do ano. Nesse caso, em um grupo fechado, penso que pode sim ser interessante fazer a testagem. Mas aí eu acredito que o teste convencional seria mais eficiente para saber se a pessoa já teve contato com o vírus e já tem anticorpos ou se ela está em contato com o vírus naquele momento”, afirma.
Diferença entre teste rápido e PCR
Há dois tipos principais de testes para o novo coronavírus: teste molecular – RT-PCR e teste rápido – sorológico.
O exame molecular coleta material por meio de um cotonete que é inserido pelo nariz. Ele usa a chamada técnica RT-PCR (sigla em inglês para transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase).
Já o teste rápido (exame sorológico) é indicado para pessoas que tiveram sintomas da doença há mais de dez dias. Os testes rápidos para detecção de anticorpos, levam menos de uma hora para apresentar os resultados.
Eles avaliam se as amostras são reagentes aos anticorpos IgM e IgG. E serve para monitorar a população e identificar a porcentagem de pessoas que já foi exposta ao vírus, e para testes individuais. Para diagnóstico e para confirmar se a pessoa está livre do vírus, o recomendado é o PCR.
Os anticorpos IgM reagente ou positivo detecta se o paciente está ou esteve infectado, contaminado recentemente e se o corpo ainda pode estar lutando contra a infecção. Já o IgG reagente ou positivo detecta se paciente teve infecção anterior, com pelo menos três semanas, e está possivelmente imunizado.
Carlos Eduardo Gouvêa, presidente executivo da CBDL (Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial), avalia que os testes rápidos são um grande avanço tecnológico, pois representam a maneira mais rápida de se obter informações essenciais e cada vez mais precisas sobre o estado ou determinada doença de um indivíduo, principalmente em ambientes remotos.
“No caso do Covid-19, pudemos perceber uma melhoria contínua à medida que novos lotes de testes rápidos iam sendo fabricados e disponibilizados ao mercado. Como o “Programa de Avaliação de Kits para Coronavírus” indicou em sua página na internet, após analisar mais de 14 mil amostras de pacientes com a enfermidade, os produtos hoje comercializados são muito específicos e bem sensíveis, sendo bem adequados para inúmeras situações. A questão primordial é saber quando testar e com qual tipo de teste e isso o profissional de saúde poderá ajudar. Afinal, há o teste certo, na hora certa, para a pessoa certa e no ambiente certo”.
Os testes rápidos de Covid-19 oferecem segurança quantos aos resultados?
Aloysio Barros, gerente de Marketing da MedLevensohn, distribuidora brasileira que trouxe testes rápidos de Covid-19 para o Brasil, afirma que os testes rápidos têm alta taxa de confiabilidade, e por isso, podem ser considerados uma medida efetiva para oferecer tranquilidade para as empresas e profissionais participantes de eventos corporativos.
“A realização da ampla testagem em eventos corporativos garante maior segurança à saúde de colaboradores e público participante. Além de promover o caminho mais curto para a reabertura da economia, os testes rápidos permitem, também, a adequação, com custos reduzidos, às normas de saúde e criam uma rede de proteção na sociedade.”
Carlos Eduardo Gouvêa, também aposta na eficiência dos testes rápidos e afirma que eles apresentam bons resultados para atingimento de suas finalidades.
“Eles trazem uma informação precoce e cada vez mais precisa, podendo dar o alerta necessário tanto para o isolamento social (evitando assim a transmissão para outras pessoas), quanto para o início do tratamento o mais rápido possível, evitando-se inclusive a sobrecarga do sistema de saúde. Além disso, por ser um excelente instrumento de triagem, ele permite ao gestor público tomar decisões cada vez mais acertadas em termos de políticas públicas de saúde, ao permitir que se mapeie o tamanho da população infectada e a velocidade de transmissão do vírus”.
Para ele, os testes rápido são uma medida efetiva para oferecer uma tranquilidade para as empresas e profissionais participantes dos eventos, tanto que, atualmente vários eventos já estão sendo realizados de forma segura graças à combinação de diferentes testes rápidos, que conseguem cobrir todos os momentos da doença.
“Isso tem acontecido em eventos esportivos, em gravações de programas, filmes ou até mesmo atividades sociais, sem contar a própria volta ao trabalho. Os testes têm o poder de dar uma informação valiosa para que as pessoas e organizações tomem as atitudes necessárias em cada situação, evitando risco de infecção generalizada e permitindo o acesso a tratamentos corretos e eficazes o mais precocemente possível. Sem falar na tranquilidade para desfrutar do evento ou exercer sua atividade de forma plena. Todavia, mesmo que se façam os testes, é sempre recomendável que se mantenham as normas e etiquetas do tempo de pandemia. Nestes casos, tem-se recomendado como protocolo básico a testagem desta população que irá se encontrar e, provavelmente, oriunda de diferentes regiões, seja feita com até teste rápido de anticorpo e teste rápido de antígeno”, finaliza.
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