Luiz Buono, CEO da agência Fábrica, esteve no maior festival de inovação do mundo, SXSW 2017, que acontece desde 1980 em Austin, Texas, nos Estados Unidos.
Revista EBS: Como foi estar em Austin na edição 2017?
Luiz Buono: Foi uma experiência fantástica eu não imaginava quão organizado seria o festival. Eu achei que seria algo mais alternativo, tinha uma imagem na minha cabeça de uma cidade do velho oeste, mas não tem nada a ver. Você é recebido em uma cidade bastante moderna, com muita facilidade e organização, os participantes baixam um aplicativo, que dá acesso às mais de 3.000 palestras do evento. É um mundo de inovação e de insights para criar novos olhares. Não é um evento somente para publicitários, mas para todos aqueles que pensam em inovar. O SXSW é realmente um evento voltado para as pessoas.
Revista EBS: Quais foram os temas relevantes deste ano?
Luiz Buono: Na minha opinião, foi principalmente a Machine Learning, ou inteligência artificial, pude ver a utilização de várias ferramentas customizadas para se comunicar com o consumidor. Desde você conseguir fazer um filme publicitário com a inteligência de um robô, até fazer a edição inteira de um jornal. E também, a utilização da realidade aumentada, para promover experiências incríveis para as pessoas. Mas eu reparei que apesar da tecnologia, o grande barato era o encontro das pessoas. Porque o ser humano precisa se conectar, se relacionar.
Revista EBS: A variedade e a abrangência das experiências que o evento oferece também são estonteantes. O que mais chamou atenção?
Luiz Buono: Os estandes das empresas chamaram bastante a atenção. Por exemplo, a IBM estava muito forte, trouxeram o Watson, o assistente virtual deles. Outro tema muito forte que está crescendo é o Smartcities, que é o olhar para cidade e trazer melhorias para o cidadão. Havia muitas novidades para pessoas com dificuldade de locomoção e pessoas que estão na terceira idade. Mais uma vez, todos derivados da inteligência artificial.
Revista EBS: A exposição da feira é bem contemporânea. Você chegou a dizer recentemente que é até alternativa. Por que?
Luiz Buono: O festival não tem o glamour, as festas, iates do Festival de Cannes, mas ele tem muito conteúdo, os participantes estão lá para aprender. Por isso que eu acho que tem esse ar de alternativo, porque não é aquele festival de patrocinador, e Cannes é um festival de patrocínio, parece até que a cidade virou um grande patrocínio. Em um mundo que está em crise, é bom questionar esse investimento. Mas eu fiquei sabendo que montaram uma comissão para que o formato de Cannes seja revisto, ou seja, alguma coisa que torne o evento mais viável e de acordo com o que estamos vivendo atualmente no mundo.
Revista EBS: Falando sobre tendências, inovação e criatividade, você poderia nos dizer sobre novas tecnologias que o evento trouxe esse ano?
Luiz Buono: Estar aberto para o novo é sensacional, é muito importante porque a velocidade que o mundo está mudando é muito rápida. E se você não está acompanhando, vendo as mudanças, você fica para trás. Eu reparo que em qualquer fórum de discussão, o Brasil está na liderança. O mercado publicitário brasileiro é muito forte e ele só é forte porque os brasileiros acompanham o que está acontecendo, eles vão até aonde se precisa ir. Na minha opinião, isso é fantástico porque torna o nosso mercado moderno, agressivo.
Revista EBS: Qual é a missão agora depois do SXSW?
Luiz Buono: A missão é uma jornada. Não tem destino. Estamos nessa jornada agora, mas ela está mais intensa porque além de ver o que está acontecendo, nós temos que repensar uma nova estrada. Antigamente, o mercado publicitário já tinha um caminho definido, suas porteiras definidas, como se fazer a propaganda. Hoje é como jogar uma pedra no meio do mar, de um rio e a água demora um tempo para voltar ao normal. O que é mais legal? É um escritório com mais gente ou com menos gente? Trabalhar terceirizado ou CLT? O desafio é esse.