O contato pessoal faz parte da natureza humana
Jogo rápido com Paulo Octávio P. de Almeida, VP da Reed Exhibitions Alcântara MachadoRevista EBS: Paulo Octávio, trace um perfil sobre o atual momento das feiras comerciais num âmbito mundial e nacional.
Paulo Octávio: As feiras de negócio sempre foram a principal forma de geração de leads para empresas com foco B2B e esta tendência com as ferramentas digitais está se ampliando ainda mais. Pode parecer uma disrupção, mas vejo como um momento de evolução das feiras de negócios. Já eventos com foco B2C passam pelo momento da relevância, pois existem muitas iniciativas ao mesmo tempo, às vezes no mesmo setor, e os visitantes precisam de relevância e atratividade para “bloquear” as suas agendas e participar dos que mais se interessa.
Revista EBS: Quais são as maiores dificuldades que promotores de feiras enfrentam no Brasil em um contexto geral. Como resolvê-los ou amenizá-los a curto prazo.
Paulo Octávio: Existe a falta de entendimento do poder público em um contexto mais amplo sobre a importância do setor de feiras de negócios. Deveríamos ser vistos como indutores de negócios e não geradores de impostos ou taxas, Não que não tenhamos que pagar todas as nossas obrigações fiscais, muito pelo contrário, mas as políticas públicas que desenvolvessem o setor, ou a ampliação da infraestrutura das cidades e locais para eventos. Porque os promotores de eventos têm que pagar ônibus para fazer o traslado dos visitantes de feiras de negócios? O metrô deveria estar conectado ao local de eventos na minha opinião. Em vários países esta união de infraestrutura é algo existente. Aqui são raras as exceções.
Revista EBS: Quais são os principais fatores culturais que distinguem e influenciam diretamente no sucesso das feiras realizados no Brasil para o restante do mundo.
Paulo Octávio: Na minha opinião, a principal diferença é o mix do investimento dos expositores em relação a feiras de negócios. Aqui existe um componente institucional muito forte que implica em investimentos mais altos em montagem de stands lindos, mas, na minha opinião, a maioria dos investimentos deveria ser focado para a natureza básica da participação em feiras de negócios, que é a geração de leads e apresentação de novos produtos. Você entende melhor esta minha percepção se já tiver visitado uma feira de negócios na Europa e na Ásia.
Revista EBS: Pelo seu conhecimento do mercado, e baseado nas últimas feiras e eventos que o senhor tenha participado no Brasil e no exterior, quais serão as próximas tendências do segmento.
Paulo Octávio: O digital já é realidade em todos eventos da RXAM no Brasil. Todos os nossos eventos possuem APPS e enviamos recomendações de produtos e empresas para todos os nossos visitantes, desde que tenham feito o pré-credenciamento online. Ou seja, a maior tendência é que os eventos focados na geração de negócios não durem mais que três ou quatro dias. Com os benefícios digitais, a participação dos visitantes está mais para uma comunidade de negócios do que para a audiência física de uma feira de negócios.
Revista EBS: Mesmo com tanta tecnologia disponível, qual a sua opinião sobre a importância do contato pessoal proporcionado nos eventos/feiras.
Paulo Octávio: O marketing FACE TO FACE é insubstituível, mesmo em tempos de quase tudo digital. O contato pessoal faz parte da natureza humana.