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Preparando a retomada

Foto: Gerd Altmann / Pixabay
Queremos voltar a viver com toda intensidade, nos emocionar com as atividades ao vivo

Publicada em 05/05/2020 (artigo publicado originalmente no Propmark)

É realmente complicado pensar na volta ao “normal” no momento em que estamos ainda impactados pelos efeitos avassaladores dessa pandemia. É difícil vislumbrar esse normal quando a curva de infectados e de mortes ainda está crescente, nos assustando a todos.

Mas temos de fazê-lo porque a crise vai passar e precisamos estar preparados, mais do que nunca, procurando compensar minimamente esse período devastador do lockout. Com exceção de alguns setores da economia, a crise nos pegou a todos, alguns mais, outros menos, desprevenidos. Para alguns, porém, seus efeitos são ainda mais impactantes.

O setor dos eventos, por exemplo. Agências, organizadores, provedores de serviços, espaços e uma imensa gama de fornecedores sofrem com a interrupção dos seus negócios exatamente no momento em que se esperava “começar o ano”, naquela sabida condição “depois do Carnaval”.

O setor tem sua sazonalidade, com poucas atividades no primeiro bimestre do ano. E exatamente quando todos se preparavam para dinamizar seus negócios veio o lockout, gerando uma tempestade perfeita. Daí a desesperada expectativa pela volta do normal. Mas já se fala do novo normal. Que normal será esse? De fato, o setor não quer voltar ao normal de antes em diversos aspectos.

Na relação negocial entre clientes, agências e fornecedores, por exemplo, ninguém quer mais ser submetido a prazos de pagamento de 60, 90, 120 ou até mais dias após a realização da atividade. Se já era insustentável antes, agora, no pós-crise, será impraticável. As agências e os fornecedores estarão descapitalizados, lutando para continuar de pé, depois do efeito arrasador da quarentena.

O novo normal, portanto, deve prever uma visão mais empática e solidária de todos os stakeholders, principalmente de quem paga a conta. Assim como na natureza, se alguns dos elementos se fragilizam ou se extinguem, todo o ecossistema se desequilibra e todos sofrem. Tem a máxima que diz: não podemos desperdiçar uma crise. Temos, portanto, de aproveitar as dores de uma crise sem precedentes para conquistar a sensibilidade dos elos mais fortes da corrente para uma prática mais sustentável e que ela seja o novo normal. Precisamos discutir a relação!

Temos ainda de aproveitar a experiência de um regime quase totalitário de home office e de relações virtuais para refletir sobre nossas reais necessidades de estrutura física, com desapego.

Voltando ao setor de eventos, já há uma intensa mobilização por parte das principais instituições envolvidas. Logicamente, por aglomerar pessoas, os eventos merecem uma atenção especial na retomada.

Mas essa atenção deve ter uma visão pró, de como se viabilizar a retomada o mais rápido possível, e não o contrário. Afinal, a movimentação econômica gerada pelos eventos representa perto de 13% do PIB brasileiro, gerando 25 milhões de empregos diretos e indiretos.

A preocupação para uma retomada mais breve deve estar no estabelecimento de protocolos que garantam um ambiente seguro para as pessoas voltarem a se reunir. Esse grupo formado pelas instituições do setor, inspirado pela coalização americana Go Live Together, já está trabalhando com afinco na criação desses protocolos que tranquilizem os governantes no momento da distensão da quarentena.

Não bastasse a sua relevância para a economia, os eventos são igualmente importantes para a sociedade como um todo. Somos seres gregários.

Não obstante as facilidades do mundo virtual, queremos voltar a viver com toda a intensidade, queremos nos emocionar com as atividades ao vivo, queremos reunir fisicamente nossos colegas e pares por intermédio de eventos, queremos acelerar negócios pelas feiras, queremos capacitar, incentivar, celebrar, engajar, estimular, encantar.

Ainda não conseguimos vislumbrar o momento exato da retomada, mas precisamos estar preparados para ela. O setor de eventos estará pronto para voltar com responsabilidade. Que seja breve!

Fonte: Artigo publicado originalmente no Propmark

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