Publicado em 23/06/2020
Sempre achei estranho o conceito de normalidade.
Segundo os dicionários, normal é o que está de acordo com a norma, com a regra. Algo regular, comum, usual.
De onde vem essa nossa mania de querer encaixar, rotular, padronizar e controlar tudo à nossa volta? De pessoas a contextos, o que significa ser “normal’?
Ouso dizer que nunca existiu essa tão aclamada normalidade.
“De perto, ninguém é normal”, já diria Caetano. Você já parou para pensar no tamanho do preconceito envolvido quando classificamos alguém de (a)normal?
Em se tratando de cenários e contextos econômicos, empresariais e governamentais, o que existia era uma certa previsibilidade, num mundo que não era conectado em rede, onde o nível de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade era infinitamente menor.
Essa pandemia, que veio se instalando no planeta com o raiar de 2020 e, aqui no Brasil, nos colocou em compasso de espera há três meses, nos obrigou a enxergar que o mundo que conhecíamos, ao qual estávamos acostumados, não existe mais.
De repente, da noite para o dia, nossa vida virou do avesso, nossa rotina foi confiscada, nossas fantasias de comando e controle foram roubadas e nos demos conta da nossa insignificância e finitude.
A urgência e a necessidade nos obrigaram a abandonar a ilusão que tínhamos de viver numa realidade estanque, estável e comandável.
Se “o passado é uma roupa que não nos serve mais” (Belchior), precisamos desaprender velhas crenças que nos aprisionam e criar novos hábitos que determinarão nosso futuro.
Se “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia…” (Lulu Santos) e “nada será como antes, amanhã…” (Milton Nascimento), por que raios cá estamos nós querendo definir um “novo normal”?
Tudo o que podemos controlar é a maneiracomo sentimos, pensamos e agimos em relação à vida como ela se apresenta, no presente.
Um novo normal começa em você, em mim, em cada um de nós. Aqui e agora.
Que tal trabalharmos para que ser humano, confiar, incluir, educar, respeitar as diferenças, combater as desigualdades e ter atitudes solidarias seja normal a partir de hoje?
#JustaCausa #aquiestáofuturo
Eu sou a Neivia Justa, executiva, headhunter C-Level, empreendedora, professora, mentora, conselheira e mãe de duas adolescentes. Trabalho para encontrar e (trans) formar líderes que pensam, se comunicam e agem de maneira consciente, diversa, inclusiva e inovadora construindo, assim, um futuro sustentável para todos.
Artigo publicado simultaneamente na edição impressa do Jornal O Povo de hoje, 22/06/2020.