Revista EBS

Figital – de onde para onde?

Foto: Freepik

Publicado em 13/04/2021

Durante muito tempo alimentamos a dualidade entre o mundo físico e o digital, como se fossem universos distintos. Isto é físico, aquilo é digital. Mas essas fronteiras estão se esfumaçando. O futuro será a fusão do físico com o digital, no que é chamado de FIGITAL.

A verdade é que tanto o mundo físico quanto o digital possuem prós e contras, então a fusão entre ambos é a tentativa de buscar o melhor dos dois mundos.

No final de 2018, divulguei um estudo de mercado publicado no Reino Unido, que mostrava que cada vez mais lojas físicas fechavam suas portas na vibrante Londres, inclusive redes tradicionais e centenárias.

Não havia ainda nem sinal de pandemia, mas o comércio eletrônico já avançava guloso sobre as lojas de rua. O que a pandemia fez foi acelerar essa tendência que já estava em curso. Com as pessoas trancadas em casa, ganhou mercado quem tinha presença digital.

A pandemia vai acabar e as pessoas voltarão a circular nas ruas, mas é provável que o modelo do varejo do futuro seja realmente o FIGITAL, que conjugue o melhor da tecnologia, como a agilidade, a personalização, o entendimento do seu gosto individual, com o melhor da loja física, o atendimento humano, a empatia, o sorriso, a solicitude, uma loja que aguce aquilo que temos de humano, nossos sentidos, olfato, visão, audição, tato, poder ver e tocar nos produtos. A loja terá cada vez que ser uma plataforma a serviço da experiência do cliente.

Então, não existe modelo 100% positivo ou negativo, é preciso incorporar o melhor de cada um. As lojas tradicionais vão aumentar a presença do digital e as lojas virtuais vão tentar trazer um pouco de experiência para o usuário, como por exemplo na descrição detalhada do produto, vídeos informativos, realidade aumentada, avaliação de usuários.

E as lojas físicas já estão mais digitais, não só pela presença na internet, mas pela tecnologia dentro da loja. Lançamentos imobiliários já são apresentados aos clientes com óculos de realidade virtual. Há lojas em que você pode provar “virtualmente” a roupa, antes mesmo de vesti-la.

Num movimento reverso, muitas lojas online estão marcando presença no mundo físico. A Amazon abriu livrarias físicas nos EUA, com um conceito próprio.

Se o FIGITAL já era uma tendência óbvia para o varejo, agora ele se espalha para outros campos, como a EDUCAÇÃO. O ensino a distância já é uma realidade há muito tempo no Brasil e no mundo e era a modalidade que mais crescia, mas ainda respondia por uma fração menor do total de alunos.

Além do percentual menor, existia uma crença do mercado de que os cursos on-line eram de pior qualidade e que não teriam o mesmo reconhecimento dos empregadores.

Em 2020, por conta da pandemia, quase todos os alunos do planeta migraram para o ensino online, e muitas dessas crenças acabaram sendo desmistificadas. Em algum momento os alunos voltarão às salas de aula, mas o novo normal jamais será o velho normal de antes.

O futuro da Educação será híbrido. Um pouco de aula online. Vídeos. Encontros presenciais. Conteúdo gamificado. Podcasts. Grupos de discussão. Leitura. Experimentos em campo. Um pouco de tudo. Até mesmo porque as novas gerações não toleram a monotonia nem o monólogo de um professor que vomita verdades incontestáveis, então será cada vez mais importante mesclar diferentes abordagens.

E talvez, a faceta mais evidente do impacto na pandemia no FIGITAL tenha sido no mercado de trabalho. O teletrabalho é uma possibilidade há muito tempo, mas parecia uma utopia impossível. E subitamente, tudo que as empresas achavam impossível fazer em vinte anos acabaram fazendo, do jeito que deu, em vinte dias.

O teletrabalho não é ainda uma realidade universal. Não dá para montar uma geladeira ou um avião no quarto de casa, mas cada vez mais profissionais e empresas percebem que o futuro do trabalho não será mais como era antigamente.

Há empresas que reinventaram o escritório. Algumas inclusive não terão mais escritório. O mundo do trabalho cada vez mais, será FIGITAL também. Um pouco em casa, um pouco no escritório. Talvez numa cafeteria.

E é claro que essa tendência impacta também o mercado de eventos, que sempre foi preponderantemente físico. Com a pandemia, eventos consagrados tiveram que se digitalizar. Reinventamos o negócio, desconstruímos planos minuciosamente desenhados, batemos cabeça, mas fizemos acontecer a transformação possível.

Várias palestras que eu ministraria pelo Brasil foram canceladas ou migraram para plataforma online.

No final do segundo semestre, comecei a receber propostas para um modelo híbrido: presencialmente no palco, com a presença de uma plateia reduzida, mas transmitida online para milhares de colaboradores espalhados pelo Brasil.

O mercado de eventos provavelmente será FIGITAL também.

Contato com Alexandre Correia Lima – Monteiro Assessoria

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