Publicado em 04/11/2021
Um dos efeitos colaterais do período da pandemia foi a banalização dos eventos virtuais. Fazer uma live passou a ser algo acessível a qualquer interessado em passar um conteúdo, realizar uma atividade sociocultural ou simplesmente dividir sua opinião com um grupo de pessoas.
Surgiram ferramentas gratuitas e amigáveis e muita gente se viu como um organizador de eventos virtuais. Com o tempo, essa banalização começou a mostrar que não é bem assim. Passada a novidade, o que fica agora é a clara percepção de que não basta abrir Zoom, Teams, Meet ou Insta e sair apresentando o que se julga oportuno.
A proliferação de lives nos deixou todos mais seletivos e, de repente, vimos a audiência cair drasticamente.
Entrei em lives interessantes cuja audiência não passava de meia dúzia de gatos pingados. Constrangedor… E o que a gente ouvia era: “O conteúdo vai ficar gravado para as pessoas verem depois”. Hmmm… Será?
Com tanto conteúdo disponível por aí, será que, se perdermos o timing do momento, ele continuará relevante? O que aconteceu é que era tanta live e evento virtual que ficou difícil identificar o que realmente valia a pena. Por outro lado, os eventos consagrados acabaram ampliando seu público pela facilidade de acesso virtual. Mas qual foi o engajamento e o nível de atenção ao evento?
Vamos a um exemplo: Cannes Lions Festival.
Acompanhamos sua versão virtual este ano. O conteúdo foi tão bom quanto ao de anos anteriores: mais de 200 palestrantes/painelistas. Mas a experiência é incomparável. Quando você vai a um evento, principalmente esses que exigem viagem e dedicação integral de tempo, você está lá por inteiro.
Além de acompanhar as palestras, você interage com pessoas, troca ideias nos intervalos e, principalmente, você está imune às distrações do home office e da facilidade de se desligar do evento. A gente vivencia o evento pelos cinco sentidos.
Você absorve muito mais do que o conteúdo formal. Agora, com a retomada dos eventos presenciais, a organização dessa atividade se torna ainda mais complexa. É consenso que não abandonaremos o lado virtual dos eventos, mesmo tendo liberdade total para o presencial. Há diversos aspectos do virtual que ampliam o espectro de atuação dos eventos.
Assim, além de lidar com um grande número de variáveis dos eventos presenciais, teremos de agregar outros pontos típicos do streaming.
O check-list dos eventos híbridos se tornou muito mais extenso e complexo. E aí está meu ponto central deste artigo: mais do que nunca, é preciso muito profissionalismo!
Além da boa escolha de um local, dos recursos tecnológicos, de logística e de todas as tarefas que já passavam fácil de três dígitos no presencial, o desafio agora é coordenar as novas demandas especializadas do virtual.
Muitas agências estão reportando dificuldade em encontrar profissionais para atender a essa demanda que, felizmente, volta a crescer exponencialmente. E isso é só o começo da retomada. Devido ao represamento e à conclusão de que as atividades puramente virtuais não entregam a experiência completa, prevê-se um boom de eventos no ano que vem.
Mesmo com um cenário sociopolítico complicado, a indústria de eventos deverá ter um 2022 bastante aquecido. Como garantir as melhores datas e os melhores espaços num ambiente bastante competitivo? Como ter profissionais à altura da demanda esperada?
Como efeito colateral da parada de mais de 1,5 ano, muitos profissionais foram procurar outros mercados. E como lidar com o aumento de custo, que já se percebe hoje?
Sim, muitos organizadores estão preocupados com o preço de materiais para montagens cenográficas e de estandes, por exemplo. Não há dúvida de que o mercado não estará para amadores.
Mais do que nunca, será necessário contar com recursos profissionais e com a especialização dos mais experientes. Não dá para quebrar galho. Evento é coisa séria!
Esse artigo foi publicado originalmente no Propmak.